sábado, março 17, 2007

Pó di terra, muito sabor e algo mais


Depois de 19 meses de ausência, voltei à terra, agora na companhia da minha esposa Valéria. Não foram férias na verdadeira acepção do termo porque fui realizar pesquisas para um livro – sobre o qual falarei a seu tempo –, mas deu para abraçar a familia e os amigos, saborear a comida da terra, ver que as coisas estão acontecendo, algumas bem, outras nem por isso, e ter a pele temperada com o “pó di terra” que veio para ficar de vez nas ilhas.

Estive em Santiago e em S.Vicente, matei saudades das coisas boas e relembrei, com prazer, principalmente no Mindelo, a minha infância e adolescência. A máquina fotográfica não parou, nem mesmo quando as pilhas se esgotavam e as que encontrava por ai não davam para vinte fotos. A Valéria apreciava cada momento, seja para ver uma paisagem, seja para dar um abraço em mais um amigo que eu encontrava nas ruas, becos, igrejas, praças e cafés.

Senti que o país vibra com o desenvolvimento e os projectos que, a serem realizados, poderão mudar para melhor a vida de parte da sociedade crioula. Senti que as pessoas estão confiantes num futuro melhor, apesar das críticas e das grandes interrogantes que são presenças assíduas na nossa história.

Senti também que o país continua dividido em duas matérias e sobre as quais todos falam e criticam, mas poucos ou mesmo ninguém pretende colocar o dedo da ferida. Falo do bipartidarismo mesquinho e bem ao estilo subdesenvolvido e do bairrismo doentio que ainda molda as nossas personalidades.

Ao fim e ao cabo, “terra ta sábe”, mas necessita de uma nova mentalidade, que seja capaz de superar a guerra Paicv-Mpd ou badio-sampadjudo. Não serão estes aspectos muito pequeninos para quem, como o crioulo, gosta de se pavonear em grande? Quem sabe, quando decidirmos pensar em grande e com os pés na terra, o "pó di terra" já será coisa do passado?!

1 comentário:

Alice Sena Mascarenhas disse...

Hi Alvaro,
Foi pena não te ter visto...Teria adorado.
Sobre p teu artigo, concordo contigo mas sou um pouco mais pragmática... Creio que ainda vai levar algum tempo, antes de se perder essa "mesquinhice"
Creio contudo que tem havido alguns bons ganhos... Há no entanto algumas classes, e infelizmente os jornalistas fazem parte de alguma, que insistem em "dividir" para reinar. Precisa-se sim de educar, educar, educar a muitos níveis....