quinta-feira, fevereiro 11, 2010

O dia em que o mundo sorriu e a África cantou

Há 20 anos, Nélson Mandela deixava a prisão de Victor Verster dando início a um processo de cura do mundo, em particular da África e em especial da África do Sul. Hoje, olhamos para trás e parece que foi há muito tempo. Aqui e acolá, muitos são aqueles que perguntam "mas quem é Mandela? Mais um terrorista?"

A mídia catalogara Mandela como o mais famoso preso do mundo. A pouco e pouco, dirigentes de países que hipocritamente clamavam pela liberdade em outras terras, mas durante décadas faziam orelhas moucas para o que se passava na África do Sul - afinal o ouro e o diamante caíam mensalmente nas contas -, começaram a juntar a sua voz à dos verdadeiros amantes da liberdade, aqueles que não sobem à tribuna da ONU, não enchem palácios de congressos, nem se manifestam contra ou a favor de qualquer outra causa, mas que, de facto, sabem o que é a liberdade.

Muitos foram os factores que conjugaram para que o 11 de Fevereiro de 1989 ficasse marcado na história da Humanidade. Até um certo Frederik De Klerk, quem soube apanhar a boleia da história e viria a dividir, por ironia do destino e injustiça da história, o prémio Nobel da Paz com Nélson Mandela.

Hoje, relembro esse dia com especial motivação. Olhar para um homem que consegue perdoar os seus algozes depois de 28 anos de sofrimento, apenas pelo facto de querer respeitar a criação divina - todos os seres humanos são iguais -, ser eleito Presidente e deixar o poder sem nenhum apego ao cargo e ainda ter a coragem de se separar da mulher que amou por discordar das suas práticas, não nos pode deixar indiferentes. É um homem único.

O cantor Peter Gabriel disse que se o mundo necessitasse de um pai, Mandela seria o escolhido. O bispo anglicano sul-africano Desmond Tutu afirmou hoje que o dia 11 de Fevereiro de 1989 "foi o princípio do fim da nossa indignidade". Eu me atrevo a dizer que foi o dia em que o mundo sorriu e a África cantou.

De mim, Mandela terá a sempre devida vénia. Das gerações futuras espero que saibam dar valor a este homem com H.
PS. Numa breve visita por alguns blogs crioulos, vi que apenas o João Branco no Café Margoso se referiu a este facto hoje. Sintomático!!!

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