terça-feira, julho 27, 2010

Do tinteiro

Muita coisa tem ficado no meu tinteiro, entenda-se no bloco de notas virtual, na cachimónia. Depois de um café e enquanto preparo a agenda para mais uma tarde de trabalho, com mais uma visita ao médico com as minhas filhas que não começaram da melhor forma este Verão, lembro-me de algumas notas que ficaram por rabiscar.

Nota 1.

Passei cinco dias em Moçambique, onde pude rever um povo que me é muito querido. Na verdade, o que mais me marca num lugar são as suas gentes e, por isso, desde há 11 anos, Moçambique é uma terra que me cativou. Maputo, cidade que necessita ainda de muitas reparações, principalmente os prédios e as ruas, continua com a sua estrutura de cidade, imponente, mas simples, e muito limpa. Deu até para lembrar de conhecidos amigos que enchem a boca para dizer que não somos África... no comments!

Não vi um único cachorro na rua, a câmara da cidade ocupa-se deles, porque o lugar deles não é na rua. Povo educado e de fino trato, dá prazer falar com um moçambicano, sempre cortês e alegre. E não falo da fantástica comida. Fica o registo de uma feliz semana e a vontade de um regresso.

Nota 2.

Ao escalar Joannesburgo, entre Maputo e Lisboa, no dia 12 de Julho, fui atropelado pela ressaca do Mundial de Futebol. As cores africanas, que tanto me cativam por serem as nossas, marcavam ainda cada centímetro do aeroporto. De um lado, ruidosos espanhóis, apesar da garganta gasta, corriam com a bandeira às costas e posando para qualquer câmara, até a minha; do outro, os calados holandeses que acalmavam a sua angústia com café e não com cerveja, como é hábito por aqueles lados.

Pelo meio, encontrei alguns de luto, como o pentapeão mundial Cafú, com quem até deu para tirar dois dedos de conversa e bater uma foto, além de muitos profissionais da imprensa portuguesa que, para além de criticarem Carlos Queiróz, queixavam-se do cansaço.
Nota 3.

Chegado a Lisboa, foi tempo apenas de trocar de avião. Pela frente um balcão da CPLP vazio, sem ninguém para atender os passageiros que chegavam de um avião proveniente de ... Maputo. Assim vamos com a CPLP que parece ser apenas uma sigla que dá jeito para servir de lema a jantares, almoços, viajens e os famosos seminários.

Nota 4.
Nessas últimas três semanas, apreciei, juntamente com uma grande equipa de colegas, frutos de ano e meio de trabalho na RTC. Não entendo como muitas pessoas não sentem orgulho do seu trabalho. Eu sinto orgulho, positivo e são, não a vaidade bem crioula.

Depois de 35 anos de independência, finalmente arrancou o processo de recuperação, organização e digitalização de todo o arquivo da RTC, o maior acervo audiovisual do país; começou o projecto de transformação da Televisão de Cabo Verde de uma estação analógica para digital, com sistemas modernos de produção noticiosa e automatização da emissão; finalmente, e depois de 10 anos, foi aprovado o novo Plano de Cargos, Carreiras e Salários da RTC, satisfazendo assim o direito dos trabalhadores desta casa.

Enquanto isso, alguns aparecem por aí a fazer barulho, talvez preocupados com esta revolução silenciosa. Nisso lembrei-me de uma interessante história que se encontra no livro de Neemias, na Bíblia. O profeta Neemias, quando estava a reconstruir os muros de Jerusalém, recebeu uma mensagem de Sambalate e amigos convidando-o a deixar de trabalhar tanto e a sentar-se com eles para outras conversas. Em resposta, Neemias disse aos seus mensageiros: "vão e digam a Sambalate e amigos que não vou descer porque estou fazendo uma grande obra".

Nota 5.

Este Verão veio forte para Bianca e Bruna, mas já estão melhores, graças a Deus. Já estão correndo, comendo e falando... e muito!

2 comentários:

Anónimo disse...

Fica-te mal, com os cabelos brancos que tens, atacar em nome de Carlos Silva a quem não tens coragem de dizer as coisas na cara. A jornalista é nova, mas a sua trajetoria curta é devidamente reconhecida pelos cabo-verdianos. nada de sobranceria. Documanterista, sim, não necessariamente grande...

Álvaro Ludgero Andrade disse...

Acredito que este comentário veio para o lugar errado, sinceramente. Nunca ataquei ninguém, muito menos em nome de Carlos Silva!!!!. Aliás ataque é coisa de que não gosto, embora confronto, no bom sentido, seja saudável. Quando a jornalista nova...? Documenterista??? Só pode existir alguma confusão. A minha primeira formação é em biblioteconomia e, em alguns lugares, confundem bibliotecário com documentalista... Estou de facto perdido. Deixo aqui o meu email para algum outro esclarecimento, mas estou no escuro sobre este comentário (alvarolandrade@gmail.com).