Após os atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001, a filha do conhecido evangelista Billy Graham, Anna Morrow, respondendo à pergunta de um jornalista que lhe desafiou a dizer onde estava Deus naquele momento, tentou encontrar justificações nas atitudes recentes dos americanos, como deixar de ler a Bíblia e orar na escolas, não repreender os filhos, liberalizar o aborto ou massificar a pornografia. É claro que ela contornou a pergunta, no entanto deu a entender que os atentados poderiam ser um castigo divino. Não creio nessa tese, longe disso, caso contrário o mundo estaria destruído há séculos.
O meu professor de Panorama da Cultura Universal, em Cuba, Jorge Ramos Pruna, com quem passava horas em profundas e profícuas conversas, disse-me um dia que o livo de Jó, que se encontra na Bíblia, era, para ele, a maior obra da literatura universal. É claro que ele fazia uma análise mais do conteúdo, da beleza, do texto, do que da forma do livro, que ele considerava um produto da criatividade genial do seu autor. Ramos era ateu, ou pelo menos esforçava-se para comportar-se como tal.
Nas duas situações acima, tanto o jornalista que fez a pergunta a Anna Morrow como os amigos de Jó estavam mais preocupados com o "por quê". Ou seja, porque permitiu Deus que os Estados Unidos fossem alvo de tão bárbaro ataque e porque Jó estava a sofrer como se pode ler no seu livro. Perguntas naturais, de seres humanos que, de repente, sentem-se impotentes frente a eventos aos quais não conseguem fazer frente.
Como jornalista há 21 anos, a pergunta "por quê" é parte integrante da minha agenda diária. É uma das seis perguntas que um jornalista deve fazer e/ou fazer-se ao elaborar um texto. Como se pôde ver nas duas situações referidas anteriormente, o "por quê" está intimamente ligado ao ser humano, à sua inquitação permanente de conhecer a razão das coisas.
O próprio Jesus foi confrontado com a mesma pergunta quando alguns se aproximaram dele acompanhados de um cego e queriam saber se a cegueira do homem seria consequência do pecado dos pais, por exemplo. "Claro que não", respondeu Jesus e mostrou que mais do que saber por quê, é conhecer o "como". Ou seja, como uma situação dificil pode abrir caminho a uma outra bem melhor.
A lição que nos fica é que em vez de tentarmos saber o "por quê" das coisas, procuremos conhecer "como" Deus irá se glorificar em cada momento. Que não nos preocupemos com a ponte, mas sim em como será a margem do outro lado.
3 comentários:
é verdade, muitos perdem maior parte de suas vidas a procura duma resposta ao "por que. Cá por mim o proprio ser humano é um "por Que". Porque é que somos "assim e não assado"...e a resposta do "por que", geralmente vem só depois de um "azar", de algo menos bom, é que estamos tão preocupados com coisas futeis que esquecemos de "como" as coisas simples são belas, de "como" posso ajudar o proximo a ser feliz, etc.
Grande abraço,Calú. Bom ter-te por aqui sempre. Mantenhas.
agradeço estas palavras, afinal os blogs são uns autênticos " Sala de conferencia Virtual", onde se pode ler coisas boas, aprender e compartilhar experiências. Ainda não encontrei uma diferença entre " ver uma exposição de pintura e ler um post num blog" é que todos são baseados no que vem da alma, um pintor tem que inspirar para pintar e um "blogueiro" também tem que o fazer, e de todos nascem grandes obras. Vir aqui tomar um "café" é sempre um prazer, é estar a conversa com um grande homem. abraços e boa recuperação.
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