quinta-feira, novembro 09, 2006

A liberdade e os pobres de espírito


O meu amigo e, com orgulho, colega de longa data António Pedro Rocha enviou-me um email esta semana em que me propos algo interessante: publicar neste espaço alguns dos trabalhos realizados no passado. Pensei e decidi avançar com um projecto guardada há muito tempo: escrever as minhas experiências como jornalista durante os primeiros anos do regime pluripartidário em Cabo Verde.

Mas não hoje, porque nesta quinta-feira decidi recordar a minha visita, em Julho passado, ao muro de Berlim, cuja destruição teve lugar precisamente há 17 anos. Visitar a Alemanha durante o Mundial de Futebol foi algo que me marcou, não só devido ao evento, mas também pela grandeza do país. Nessa ocasião, e apesar do pouco tempo disponível para visitar amigos, foi possível dar um abraço apertado ao António Pedro Rocha que, brincando e brincando, já leva 20 anos naqueles terras.

Outro lugar de visita obrigatória foi o muro de Berlim onde, ao chegar e para meu espanto, encontrei apenas um pedaço daquele que foi o símbolo de uma das maiores vergonhas do século 20. Pude então compreender que os alemães, ao destruírem o “muro da vergonha”, quiseram dar uma lição do mundo: a liberdade não pode ter limites, jamais.

Muito mais do que um conceito ou uma teoria, com as suas tradicionais categorias, a liberdade é um estado de espírito que deve nascer no interior do homem. Um estado de espírito que não pode se esbarrar em muros impostos, e muito menos auto-impostos, mas que extravasa qualquer obstáculo porque começa na alma.

A pobreza de espírito está, quase sempre, na origem das atitudes dos castradores da liberdade, cujo universo não engloba apenas ditadores ou manipuladores, mas se estende a todos que não compreendem nem disfrutam da liberdade porque eles mesmos criam os seus muros. Esses só podem ser destruídos quando finalmente se descobre a verdade absoluta que está na origem da liberdade. Então é-se livre.

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