terça-feira, julho 28, 2009

Ainda a propósito de (não) sermos afircanos

Escrevi ontem um comentário sobre a triste afirmação da Presidente da Câmara Municipal de S.Vicente Isaura Gomes, pessoa com quem tenho uma excelente relação e que respeito muito, segundo a qual "isso (terceiro mandato) é para governos africanos em que os líderes ficam no poder até a morte”. O texto mereceu algumas reacções e nos jornais online pude ler outras.

Chamou a minha atenção nesses comentários o facto das pessoas não terem dado conta das implicações de que esse pensamento anti-africano, que aumenta a cada dia em Cabo Verde, irá provocar nas gerações actuais e futuras. Na nossa já provocou: continuamos à cata das migalhas dos europeus (em vez de discutirmos com eles as verdadeiras refeições que juntos poderemos saborear) e deixámos de lado a África que, dentro de pouco, será palco de desenvolvimentos interessantes a nível planetário. Basta perguntar aos chineses, ao Lula e, agora, à Hillary Clinton, sem esquecer a Exxon, a BP, etc.

Fora de questão alguma intenção minha de apedrejar Isaura Gomes por uma triste afirmação, pois a conheço bem. Simplesmente me preocupa essa corrente que, sorrateiramente, começa a ganhar sonoros apoios. Não sendo africanista - isso me lembra os movimentos feministas e outros de afirmação - mas tão somente cabo-verdiano, sabendo onde me encontro, também chamou-me a atenção a preocupação em olhar apenas para a defesa do limite dos mandatos dos políticos, nas palavras de Gomes.

Para mim este é um assunto ultrapassado. Defendo há anos a limitação de todos os mandatos porque quem chega ao poder, inclusive em democracia, pode manipular e lá perpetuar-se. Para os mais incautos, não é de hoje que sugiro a limitação de mandatos para, no máximo três, em todos os cargos políticos. Na África, na América e na China.

1 comentário:

Amílcar Tavares disse...

Concordo consigo em género, numero e grau nos dois pontos que abordou.