Pouco tempo depois fui com a Valéria e as duas filhas, Bianca e Bruna, à porta. Era a primeira vez que elas viam chover e as suas faces transmitiam um misto de alegria e surpresa. A Valéria olhava para mim com alguma estranheza e, ao ver a água que corria rua abaixo, limitou-se a comentar: "vocês não estão preparados para receber a chuva". Depois cantou brevemente o tema da Tété Alhinho, "Dia k´tchuva bem", enquanto eu sussurrava "Mamãe velha".
Enquanto isso, dei-me comigo alegre por estar vendo chover na terrra que tanto precisa. Lembrei-me de, nos 8 anos anteriores, não conviver muito bem com a chuva que torrencialmente caía sobre Miami, em dias intermináveis e feios. Dicotomias do crioulo.
Pela manhã adentro, a frase da Valéria martelava a minha mente, enquanto ouvia e lia sobre os problemas existentes e outros por acontecer em consequência da chuva. Deixei de me deliciar com a chuva, que entretanto parara, para reconhecer que, depois de 34 anos de independência e de tantos governos e câmaras, continuamos a enfrentar os mesmos problemas quando a chuva aparece para dizer mantenha.
É triste e pergunto: quando é que definitivamente os decisores irão tomar medidas a sério para, definitivamente, evitar estragos físicos e materiais, por um lado, e aproveitar ao máximo cada gota da abençoada chuva que, anualmente, escorre terra abaixo?
Enquanto isso, a chuva que por agora apenas bafejou a Praia trouxe alegria e esperança. Uma vez mais.
Sem comentários:
Enviar um comentário