Para além de "we got him"

A notícia soa a estranha e contraditória: a morte de um homem é celebrada em todo o mundo. Como cristão, praticante e não de ir à igreja apenas, ao ouvir a notícia bem cedo na segunda-feira, parei um pouco e lembrei-me de um dos princípios da vida a que quase nunca atendemos: colhemos aquilo que semeamos.

Osama Bin Laden fez opções erradas e apostou na violência pura e fanática. Para mim recorreu a um sentimento natural do homem para tentar atingir os seus objectivos: a fé dos seus irmãos que, tão somente, queriam servir a Deus. E falhou redondamente, destruindo milhares de vidas, entre os da sua fé e entre aqueles que ele considerou seus inimigos, perdeu aquilo que ele tanto procurava, a vida eterna com Deus, e deixou um legado que ninguém de bem irá seguir.

É claro que se pode criticar a políticia externa dos EUA através dos seus mais de 200 anos de história, e há muito por onde acusar. Assim como se deve criticar a política externa de todas as potências, desde a mais antiga que conhecemos até a próxima, a China, que já morde nas nossas barbas.

Da mesma forma, pode-se criticar e julgar o responsável pela invasão do Iraque, aliás largamente criticada nos Estados Unidos, inclusive pelo então senador e hoje presidente Barack Obama. Todos sabemos que foi um acerto de contas entre quartéis do petróleo.

Mas, meus amigos, não venham com desculpas esfarrapadas de que Osama Bin Laden devia ser levado a julgamento, mesmo quando tal seria praticamente impossível. Ele não levou a América e o Ocidente a julgamento, nem as milhares de vidas que mandou ceifar. Pelo contrário, quis montar o seu tribunal de inquisição. Deu no que deu, ou seja, colheu o que semeou, a violência.

Lembro-me, como hoje, de ter acompanhado, do alto do 28º andar do edifício onde trabalhava no coração de Miami (prédio do Citibank), os ataques no dia 11 de Setembro de 2001 e da dor sofrida pelo povo americano. Uma semana depois, escrevi um texto no jornal da comunidade brasileira Florida Review com o título "América atacada pelos céus".

"We got him", foi a frase pronunciada por Obama quando ouviu a notícia da morte do terrorista. Senti, eu também, nesse momento, a emoção que vai para além da exclamação do presidente dos EUA.