A 2 de Março de 2010, por ocasião do Fórum Nacional de Consenso sobre a Violência realizado na Praia escrevi o post que hoje republico porque, depois de ano e meio, ninguém mais se lembra das recomendações do evento. E como o texto está actual, fica a minha contribuição, outra vez:
O Primeiro-Ministro reuniu-se, na semana passada, com várias entidades e
personalidades para debater um pacto social de combate à violência a nível
nacional. A iniciativa, que surge em boa hora ou seja na fase descendente de um
pico de violência, que deixou os cabo-verdianos à beira do desespero, é uma
resposta do Governo.
Acredito que, da reunião, sairam ideias e iniciativas boas e interessantes que, transformadas em medidas de política, poderão contribuir para a redução da violência urbana, que tende a aumentar no país. No entanto, também acredito que a filosofia e a lógica desse plano, da sua equação, elaboração e execução, respeitarão a filosofia e a lógica da máquina pública. Assim como acontece em qualquer país.
É aqui que radica a minha dúvida: será que um assunto tão abrangente e com causas, motivações e consequências tão profundas deve ficar preso à lógica pública? Apesar das boas intenções do Governo e dos participantes, o assunto em causa não recomenda uma outra abordagem?
A minha proposta é de um Pacto de Nação cuja formulação passe por uma "equipa de sábios", apenas para lhe dar um nome pomposo e respeitado. A ideia é que o Governo entregue a uma equipa de especialistas em diversas áreas a missão de formular esse Pacto, baseado em políticas, programas e iniciativas de fundo e capaz de, sobre todas as tendências e orientações políticas, sociais, religiosas e filosóficas, revelar-se a mais consensual possível.
A equipa teria meios e tempo para elaborar uma proposta bem fundamentada, mas exequível e de forma transversal. No final, o Governo, que é quem faz a res publica, executaria esse Pacto de Nação com a participação de todos os actores referidos no mesmo.
Acredito que Cabo Verde sairá a ganhar e, definitivamente, começaremos a sentir uma Nação mais activa. É que o combate à violência é responsabilidade de todos.
PS. Na época em que escrevi o post pensei que a violência estava em "fase descendente", mas agora voltou à fase ascendente.
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