1. A OMS revela que uma em cada três mulheres sofre de abuso físico, um número preocupante mas que parece ser apenas isso: um número. O pior é que esses casos de violência acontecem também em paíes que possuem um bom quadro legal e institucional.
Uma primeira conclusão é que o problema não está no quadro legal, mas no interior do ser humano e da educação que passamos às novas gerações. Outros dados preocupantes: as vítimas, em muitíssimos casos, não se queixam porque acreditam que apanhar é cultural e/ou porque têm medo do agressor e da própria sociedade, que não só podem castigá-las como deixá-las à margem (sem sobrevivência). Assim, o ciclo continua.
2. O presidente americano Barack Obama anunciou ontem, 20, decretos que podem abrir caminho à legalização, ainda que temporal e sem acesso à residência permanente ou cidadania, de cinco milhões de imigrantes. Foi uma decisão política, económica e humanitária de grandes proporções. Os republicanos preparam o troco e estão no seu direito por não serem favoráveis a facilitar a vida aos imigrantes. É uma posição política de fundo e legítima, embora o último presidente que tenha tomado uma medida semelhante tenha sido o republicano Ronald Reagan.
A guerra está instalada: Obama joga uma batata quente nas mãos dos republicanos que, a dois anos da eleição presidencial, terão de ver como descascá-la sem se queimarem, ou sejam sem perder o segundo grupo eleitoral mais forte nos EUA. Não será apenas através de um presidenciável muito bem visto pelos latinos, que constituem a maioria dos imigrantes, Jeb Bush, o terceiro da dinastia de Texas. Entretanto, os argumentos que até agora têm esgrimido são de uma fragilidade tão rudimentar que lembram as justificações dos ditadores: qualquer coisa serve para justificar qualquer coisa. Até se fala em impechment.
Os dois próximos anos vão ser animados. Em tempo de saída e como a política é também um campo de compromissos, Obama aposta em cumprir a última das quatro mais importantes promessas de 2008: acabar com a guerra no Iraque e capturar Bin Laden(realizados), recuperar a economia (os números de hoje são melhores do que os que ele herdou de George W. Bush), garantir seguro de saúde aos que se encontram fora do sistema (Obamacare) e encontrar uma saída para os mais de 11 milhões de imigrantes ilegais.
3. A qualquer momento a violência pode irromper na cidade americana de Ferguson, Missouri. Desde já vou dizendo que o que se passa naquela cidade desde 9 de Agosto é tudo menos racismo clássico. É um acto de violência policial, um dos maiores problemas dos EUA e que tem episódios diários nas ruas do país, e uma selvajaria manipulada e estimulada por alguns líderes que ganham ($$) com este tipo de agitação e por delinquentes. O resto é o que a mídia veicula… Nem o apelo do pai de Michael Brown para que a paz regresse a Ferguson é respeitado.
4. Os Tubarões Azuis concluíram esta semana um dos mais brilhantes capítulos da história do desporto crioulo. Terminar a fase de qualificação no primeiro lugar, sem qualquer sobressalta é obra, para uma país que há dois anos ninguém conhecia e que hoje é a quarta selecção africana no ranking da Fifa e que corre o risco de ser agora um "habituée" no CAN. Infelizmente, depois do oba-oba nos jogos e de muitas fotos, fiquei com a sensação de que os cabo-verdianos não terão sentido ainda o valor dessa qualificação Parabéns, Tubarões Azuis, verdadeiros filhos dos "ex-flagelados do vento leste".
5. Chamou particularmente a minha atenção uma notícia do jornal A Nação: "Todos querem o INPS". Sem ler a notícia - dou crédito ao jornal, claro - preocupei-me com o facto de os seis "candidatos"serem todos dirigentes do PAICV. Não haverá gente capaz fora do núcleo duro do partido para dirigir uma empresa que não necessita de alinhamento partidário?! É preocupante, depois de 23 anos de democracia. O pior é que da oposição não vêm exemplos, é só ver o que se passa nas câmaras e estruturas próximas.
6. O pastor nazareno José Heleno Pereira lançou no FB um repto às câmaras municipais para suspenderam todos os festivais e destinarem os fundos para minimizar os efeitos da seca neste ano. Eu, que há muito venho criticando esses festivais financiados com dinheiros públicos e que, para mim, só contribuem para aumentar o consumo de álcool e droga e propagar outros males, subscrevo esta proposta.
Esta até pode ser uma oportunidade para as câmaras encontrarem outras formas de fomentar a cultura, que não sejam festivais, que, para além de captar votos e financiar algumas produtoras, pouco ou nada representam a nível de qualidade artística.
7. Ricky Jackson, um americano que passou 39 anos na prisão acusado de um crime que não cometeu foi libertado hoje, 21. depois de uma testemunha ter decidido contar a verdade… agora. Ao sair, agradeceu a Deus e disse não condenar quem o condenou. A isto se chama alma limpa.
Bom fim-de-semana!
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