domingo, janeiro 18, 2015

Notas do CAN (1)


1. Quem não mata com ferro, com ferro morre, diz um princípio secular e a selecção de Cabo Verde sentiu na pele essa verdade absoluta ao manietar muito bem a Tunísia e para depois permitir o empate. Os nossos jogadores, que militam em campeonatos mais competitivos que o cabo-verdiano, mas não tão competitivos como um Campeonato Africano das Nações, sabem isso, mas falharam neste aspecto.

2. Apesar dessa falha, gostei muito dos Tubarões Azuis, que se mostraram uma equipa muito bem montada, compacta, com uma estratégia muito bem definida, caminhos claros e sem muitas quebras físicas. No primeiro tempo, a Tunísia - uma potência africana, embora sem uma grande equipa na actualidade, e que esteve presente em quatro Mundiais - foi praticamente manietada no seu meio-campo e apenas a nossa debilidade tradicional -  a falta de objectividade - impediu que o jogo ficasse resolvido nesse período. A nossa herança desportiva deixou mossas nesse aspecto.

3. A queda da equipa a partir do minuto 55 foi natural e faz parte do ciclo de qualquer jogo. Entretanto, a ainda pouca experiência internacional dos Tubarões Azuis permitiu que esse período menos bom dos crioulos terminasse em vantagem para os tunisinos. Mas a força colectiva falou mais alto e levou Heldon a "cavar" um penalty que tanto podia ser marcado ou não. A justiça, se é que existe no desporto, nesse caso terá vincado.

4. O técnico Rui Águas esteve bem em todo o jogo e mexeu de forma correcta na equipa, embora a entrada do Ryan pudesse acontecer mais cedo. Talvez, ele  teria mais tempo para "entrar" no jogo e criar os desequilíbrios que, nessa equipa, só ele e Heldon podem provocar com mais regularidade. A discussão em torno da titularidade de Ryan será motivo de muito debate, com certeza, mas continuo a dar o benefício da dúvida ao técnico.

5. Cabo Verde tem futebol e pernas para ir longe, mas continua a ser um outsider na prova. Experiência, pressão psicológica sobre os adversários e traquejo ganham-se em provas do tipo, e esta é apenas a nossa segunda vez.

6. Em competições curtas como o CAN, as equipas técnicas têm, em essência, três tarefas principais: recuperar fisicamente os jogadores, definir estratégias específicas para cada jogo em virtude do adversário e do resultado necessário e corrigir erros. Neste último aspecto, Rui Águas tem duas correcções a fazer: o posicionamento e as saídas por alto do guarda-redes Vozinha e a objectividade dos avançados. Que seja bem-sucedido!

7. Uma vitória sobre a RDC na quinta-feira é vital. É possível e os quartos-de-final também. Há quatro dias para acertar tudo. Força Tubarões Azuis!!!

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