terça-feira, janeiro 06, 2009

O velho 2009

Depois de 8 anos na"stranja", vi o dia 1 de Janeiro nascer em Cabo Verde. Sensação diferente, embora tenha passado a noite de 31 em casa, ocupado com as minhas lindas gêmeas. Sensação gostosa de estar em casa, rodeado de familiares, apesar de ter a Valéria e o Diego longe. Cabo-verdianices.

Para mim, este ano é de expectativa e de um novo arranque. Novas tarefas, novos sonhos, novos desafios. A vontade de arregaçar as mangas, como sempre, nunca me falta, apesar dos obstáculos que surgem aqui e acolá.

Mas neste início de 2009, assalta-me uma profunda tristeza por ver que o coração do homem se endurece cada vez mais, sendo insensível ao sofrimento humano, principalmente das crianças. O mundo, de norte a sul, de leste a oeste, reclama a todo pulmão a intervenção do futuro presidente dos EUA Barack Obama junto do governo israelita para que este pare a sua ofensiva em Gaza. E com razão porque muitas vidas, principalmente de civis e crianças, estão sendo ceifadas.

No entanto, esse mesmo mundo, que tem razão ao implorar por um cessar-fogo imediato, ao que me uno, manteve-se sempre calado quando o Hamas bombardeava diariamente as cidades de Israel, que não deixaram vítimas apenas porque os seus rockets são artesanais e os judeus já se habituaram a conviver com eles. Esse mesmo mundo também ficou calado quando os suicidas palestinianos entravam nos mercados e autocarros em Israel e matavam dezenas de israelistas.

Esse mesmo mundo, estranhamente, continua a reclamar por um estado palestiniano, que eu também defendo, mas só que dentro do território de Israel, em vez de encontrar um espaço no vasto mundo árabe, onde os próprios palestinianos poderiam se beneficiar da abundância do petróleo. Porque não me façam rir, dizendo que Gaza e Cisjordânia não pertenciam a Israel!!! É só ver o mapa!
Enquanto essas crianças morrem no Médio Oriente, o ser humano fica quedo e mudo frente à horrenda situação das crianças no Brasil que, aos 7 e 8 anos, já são lançadas no mundo do crime e da violência. As vozes não se levantam também contra a escravatura dos menores na China, obrigadas a trabalhar de sol a sol para "garantir-nos" os produtos baratos que hoje dispomos e encher os bolsos dos businessmen que gritam por democracia em todo omundo, menos na China. Ninguém fala das madrassas, que, em todos os países árabes, incluindo nos territórios palestinianos, ensinam as crianças a odiar o seu próximo e a matar.

E nas nossas ruas, o que temos feito pelas nossas crianças? Muito, dizem alguns. Falta muito ainda, digo eu. Ou ficaremos todos de braços cruzados, quando as nossas crianças se prostituem frente aos hotéis da Praia, Sal e Mindelo, ou, em vez de estarem na escola, ajudam-nos a carregar as bolsas nos supermercados e lavam os nossos carros por míseras duas moedas de 50 escudos?

Por este olhar, o ano de 2009 já é velho, mas como dizia sempre no final de um programa que tinha na rádio: "não olhemos para as dificuldades, mas sim para as oportunidades". Que em 2010, possamos ver mais criançcas sorrindo.

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