
Na verdade, ainda estou baralhado com um afirmação dessas que, vinda de quem veio, deve originar muita preocupação nos cabo-verdianos. É que não consigo descortinar - e tenho pensado muito sobre isso - onde nasceu essa teoria, cada vez mais formada, de que Cabo Verde não é África. Já me falaram da ausência de tribos (vidé os países do Norte do continente); me apontaram a nossa cor (aí ri muito e me lembrei dos loiros afrikanders e, outra vez, dos egípcios, líbios, argelinos, etc.); lembraram-me da nossa educação ocidental (e me deparei com condutores de taxi urinando no meio da rua, com o mercado apinhado de pessoas comendo com colher ou mão, enquanto alguém entrava gabinete adentro sem cumprimentar nem pedir licença...); me falaram de causas outras e foi então que pensei em pedir ao Mia Couto que viesse a Cabo Verde para alguns esclarecimentos.

Estes e outros argumentos, por sinal bastante primários, são esgrimidos a favor de uma causa sem causa, que não seja o racismo apimentado de uma medíocre aculturação. A esses euronãoseioquê, riposto, geralmente em jeito de brincadeira, perguntando o que têm em comum um canadense e um índio do amazonas ou um argentino e um americano de Oklahoma. Por acaso não são americanos? O Bush e o Obama têm alguma semelhança para além da língua? Não são norte-americanos?
Com este ritmo, qualquer dia não sabemos o que somos, nem onde nos movemos. E um povo sem referência é pior do que uma tribo nómada. Espero que, em tempo, consigamos abrir os olhos e reconhecer que a nossa cabo-verdianidade em nada choca com ser africano. Que definitivamente deixemos de olhar para a África como um lugar menor. Antes que outros venham a reconhecer o valor da África - que não falta muito - e aí, mais uma vez, seremos os últimos a acordar.
Em tempo: quanto à nossa querida Zau, acredito que quando deixar tchom d´Holanda e pisar a morada reflectirá melhor, e irá lembrar que há um português que está no poder há 30 anos e que aqui no nosso Cabo Verde há dois presidentes de câmara que para aí caminham: José Pinto Almeida (MpD) e Eugénio Veiga (PAICV).
Em tempo: quanto à nossa querida Zau, acredito que quando deixar tchom d´Holanda e pisar a morada reflectirá melhor, e irá lembrar que há um português que está no poder há 30 anos e que aqui no nosso Cabo Verde há dois presidentes de câmara que para aí caminham: José Pinto Almeida (MpD) e Eugénio Veiga (PAICV).
3 comentários:
e o Partido Trabalhista que já vai tb no seu 3º mandato...enfim!
PT do Tony Blair e Gordon Brown...
Concordo com a essência do que ela disse. O resto é irrelevante.
Em minha opinião, fere a democracia e não é saudável essa "perpetuação" de um indivíduo na gestão daquilo que é público, pois o terreno torna-se fértil para vícios perniciosos, mais dia menos dia.
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