Ontem foi um daqueles dias em que tinha vontade de dormir durante horas - coisa que nunca faço - e, assim, deixar passar o mau humor, recuperar-me do cansaço físico e mental. Ou então ir para bem longe, passeando entre prédios e milhares de pessoas de New York, incognitamente. Nem uma coisa nem outra. Acabei numa sala com menos de 200 pessoas, às escuras e onde o menor suspiro seria ouvido.Fui assitir o espectáculo de Vasco Martins, acompanhado do percusionista Micau, no Centro Cultural Português, na abertura do Kriol Jazz Festival. Soberbo e sublime. O ar foi invadido por sons únicos, retirados de instrumentos simples por quatro exímias mãos. De um lado, Vasco Martins parecia pedir mais ao piano e, do outro, Micau propiciava um ritmo próprio, como que dizendo "Vasco, é por aqui mesmo". Sem palavras.
Não podia haver melhor terapia para mim nessa noite de quinta-feira. À saída, apeteceu-me perguntar ao Vasco: "Porque não ficas por aqui uma temporada?". Com certeza a Praia agradeceria.
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