Labanta brasu

O Mundial de Futebol - mais as obrigações profissionais para o seu acompanhamento do que para assistir aos jogos, como "tud criton ten direit" - empurrou-me ainda para mais longe deste blog. Acto contínuo vários amigos anunciaram o corte de relações porque, dizem, que já não apareço na praça. De facto, o tempo é muito escasso.

Ontem era um dia especial e tentei chegar aqui para lembrar quando, aos 11 anos, levantei o braço. Mas o tempo não deu, já que tinha de deixar tudo preparado antes de seguir uma longa viagem até Moçambique. Faço esta pausa precisamente porque, entre um voo e outro, apareceu esta oportunidade.

Coloquei no meu facebook a lembrança que guardo da passagem do dia 4 para 5 de Julho de São Vicente. Antes da meia noite, o meu pai e o amigo António Graça, que mais tarde veio a ser deputado do MpD e hoje vive no Sal, fizeram ecoar música na torre da Igreja do Nazareno de Mindelo e o Graça içou a primeira bandeira nacional em S.Vicente. A bandeira tinha sido feito pelo próprio António Graça e, creio, que se esta bandeira estiver em algum lugar deve ir direitinha para o Museu ou o Arquivo Histórico Nacional. É que a bandeira oficial só veio a ser içada mais tarde, s enão me falha a memória a 7 de Julho.

Ontem, 35 anos depois, as autoridades organizaram uma marcha que foi transmitida em directo pela TCV. Entretanto, creio que falta paixão nas comemorações da Independência Nacional. Fica-me a sensação de que temos vergonha em comemorar o 5 de Julho enquanto saimos à rua para gritar "Benfica camepão". Simplesmente triste. Sem contar os urubus e as almas perturbadas que pululam por aí.

Em contraposição, o americano assinala o aniversário da sua Independência a 4 de Julho e os 300 milhões de gringos têm orgulho em sair à rua cada ano para, entre hamburgueres, cachorros e fogos de artifício, cantar o hino nacional de cabeça erguida e mão direita no peito. Sem vergonha, apesar da efeméride ter 234 anos de existência.

Por aí se conhece um grande país e uma grande nação.