segunda-feira, julho 16, 2012

Uma história de visionários e heróis


Domingo, 8 de Julho. Acompanhado da minha mãe e das filhas Bianca e Bruna, rumei em direcção a Cabeça de Carreira, terra natal do meu pai e onde ele e a minha mãe começaram o seu ministério de pastores evangélicos no ido ano de 1949.


Santa Catarina recebeu-nos com uma temperatura amena, ameaçando chuva, um lindo nevoeiro, como que a lembrar-nos que estávamos onde é proibido suar em Santiago. Para mim uma delícia, aquele fresquinho fez bem, depois de uma manhã muita quente na Praia. Aliás, o termómetro do carro marcava 27 graus na capital, passando nos Picos assinalava 23 graus e em Cabeça de Carreira o mercúrio descera para 21.

Ao chegar, encontrei quase uma centena de nazarenos e alguns curiosos a participar num lindo e emotivo acto de oficialização de mais uma Igreja do Nazareno em Cabo Verde.


Enquanto decorria o programa, lembrei-me de quantos investiram a vida nesse lugar, a começar pelos primos José Monteiro (tio do meu pai) e Germano Vieira Lopes (compadre do meu pai), mas pensei principalmente nos meus pais que aí gastaram alguns anos da sua juventude. Pensei também no simbolismo de a Igreja  funcionar no prédio que foi o comércio de José Monteiro.


Ao falar no acto, a minha mãe lembrou que quando chegou a Santa Catarina tinha apenas 22 anos, agora contabiliza 85. Por sua vez, o meu pai tinha 31 e agora encontra-se na Glória.


Por breves momentos, lembrei-me de muitas histórias que tiveram como cenário Cabeça de Carreira, no entanto a minha mente dirigiu-se para o investimento feito há mais de 60 anos e os frutos que, agora, a região colhe: uma Igreja organizada, capaz de levar a mensagem de esperança a um lugar tão bonito, mas demasiadamente submerso na escuridão da ignorância espiritual.


Na ocasião, também lembrei-me da história da conversão do meu pai, Álvaro Barbosa Andrade, ao Cristianismo, verdadeiro, real. De organizador de um acto de queima de Bíblias, passou a seguidor de Jesus Cristo, depois de, na surdina, ter ficado com um dos exemplares do livro sagrado que devorou de seguida, até ficar convencido da verdade absoluta, que é Deus.

Dias depois, passou a anunciar pelas ruas de Cabeça de Carreira e Assomada essa verdade absoluta, sem nunca ter tido, antes, um encontro com qualquer religião que não fosse a Católica.

Também, lembrei-me do neto de José Monteiro, o meu primo José Sérgio Monteiro Fortes, hoje no Brasil e apaixonado pelo Evangelho que conheceu aqui e pela sua terra, apesar da distância e dos anos na pasárgada.

Sempre que vou ao interior de Santiago - o que faço com muita regularidade – passo por Cabeça de Carreira. Agora terei mais uma razão para a visitar: lembrar que a história se faz com visionários e heróis.

2 comentários:

Brito-Semedo disse...

Acabo de ler esta notícia e de ter viajado no tempo pois conheci pessoalmente ou de referência as principais personagens aqui destacadas,que aprendi a respeitar e admirar. Bem hajam a todos e obrigado, ALA, pela partilha. Um abraço amigo!

Álvaro Ludgero Andrade disse...

Obrigado pela visita, Brito, e também pela parte que te tocou ou seja os anos da juventude gastos, no bom sentido, claro, em Santa Catarina.