Domingo,
8 de Julho. Acompanhado da minha mãe e das filhas Bianca e Bruna, rumei em
direcção a Cabeça de Carreira, terra natal do meu pai e onde ele e a minha mãe
começaram o seu ministério de pastores evangélicos no ido ano de 1949.
Santa
Catarina recebeu-nos com uma temperatura amena, ameaçando chuva, um lindo
nevoeiro, como que a lembrar-nos que estávamos onde é proibido suar em
Santiago. Para mim uma delícia, aquele fresquinho fez bem, depois de uma manhã
muita quente na Praia. Aliás, o termómetro do carro marcava 27 graus na
capital, passando nos Picos assinalava 23 graus e em Cabeça de Carreira o
mercúrio descera para 21.
Ao
chegar, encontrei quase uma centena de nazarenos e alguns curiosos a participar
num lindo e emotivo acto de oficialização de mais uma Igreja do Nazareno em
Cabo Verde.
Enquanto
decorria o programa, lembrei-me de quantos investiram a vida nesse lugar, a
começar pelos primos José Monteiro (tio do meu pai) e Germano Vieira Lopes
(compadre do meu pai), mas pensei principalmente nos meus pais que aí gastaram
alguns anos da sua juventude. Pensei também no simbolismo de a Igreja funcionar no prédio que foi o comércio de José Monteiro.
Ao
falar no acto, a minha mãe lembrou que quando chegou a Santa Catarina tinha
apenas 22 anos, agora contabiliza 85. Por sua vez, o meu pai tinha 31 e agora
encontra-se na Glória.
Por
breves momentos, lembrei-me de muitas histórias que tiveram como cenário Cabeça
de Carreira, no entanto a minha mente dirigiu-se para o investimento feito há mais
de 60 anos e os frutos que, agora, a região colhe: uma Igreja organizada, capaz
de levar a mensagem de esperança a um lugar tão bonito, mas demasiadamente
submerso na escuridão da ignorância espiritual.
Na ocasião, também lembrei-me da história da conversão do meu pai, Álvaro Barbosa Andrade, ao Cristianismo, verdadeiro, real. De organizador de um acto de queima de Bíblias, passou a seguidor de Jesus Cristo, depois de, na surdina, ter ficado com um dos exemplares do livro sagrado que devorou de seguida, até ficar convencido da verdade absoluta, que é Deus.
Dias depois, passou a anunciar pelas ruas de Cabeça de Carreira e Assomada essa verdade absoluta, sem nunca ter tido, antes, um encontro com qualquer religião que não fosse a Católica.
Também, lembrei-me do neto de José Monteiro, o meu primo José Sérgio Monteiro Fortes, hoje no Brasil e apaixonado pelo Evangelho que conheceu aqui e pela sua terra, apesar da distância e dos anos na pasárgada.
2 comentários:
Acabo de ler esta notícia e de ter viajado no tempo pois conheci pessoalmente ou de referência as principais personagens aqui destacadas,que aprendi a respeitar e admirar. Bem hajam a todos e obrigado, ALA, pela partilha. Um abraço amigo!
Obrigado pela visita, Brito, e também pela parte que te tocou ou seja os anos da juventude gastos, no bom sentido, claro, em Santa Catarina.
Enviar um comentário