terça-feira, setembro 30, 2014

Das decisões e indecisões




A notícia da assinatura de um acordo de parceria entre o Ministério dos Transportes de Angola e a a companhia aérea Emirates para uma estratégia de desenvolvimento da TAAG, com a entrega da gestão da companhia angolana à sua congénere do Dubai, levou-me a pensar no "velho" caso da TACV.

Há quanto tempo se estuda e se fala da privatização da TACV! Que me lembre, desde 1992/93. De conversa em conversa, de estudos em estudos, de CA em CA, de mais e mais trabalhadores, de muitas empresas ramificadas (dos Xicos espertos)... tudo, até agora, näo passou de conversa.

A TAAG, que há pouco tempo começou a falar de sair da asa  dos "camaradas", já entregou a gestäo a uma companhia de referência, a Emirates.

E a TACV, será o filho dessa relação, relagada, por isso, ao segundo plano? Ou os consultores estão continuam em consultas e não encontram o "medicamento" correcto?

Tomo este exemplo para trazer à tona uma cultura que nos amarra, desde sempre, e não apenas o Governo, mas  todas as estruturas, seus servidores e, principalmente, uma classe que para mim é a grande responsável pelos entraves e tradicionalismos: as chefias intermédias.Também enferma até os privados que ficam eternamente à espera do Estado ou que venha um estrangeiro empreendedor - para usar a palavra da moda - e abra um restaurante popular, uma cadeia Pão Quente ou a Rota das Tapas.

A cultura de não-decidir, de não romper com o que está errado, que não dá mais resultados ou que precisa ser mudado cortga à nascente qualquer iniciativa. Estuda-se demais e nunca se faz o exame. Há cáculos a mais, os passos são medidos até ao cansaço e ao esquecimento, entre eles os de interesses imediatos e eleitoralistas.

Teme-se avançar, talvez porque convém manter o statuos quo. Ou, para mim a razão principal, como não conseguem avançar, não deixam avançar ninguém.

É assim em vários sectores e não é "pecado" do Governo de turno, mas uma cultura que está impregnada na grande maioria dos decisores,  desde sempre.

Preocupa-me mais quando vejo dirigentes, gestores e decisores novos, formados nesta era supersónica e em países desenvolvidos, sem quaisquer resquícios do período colonial, do tempo de partido único ou do único partido - uma desculpa muito usada - com  essa mesma cultura de "mais ou menos", "vamos reflectir",  "depois veremos" ou "é assim que se faz" porque assim se faz na metrópole.

Bom gestor não é aquele que decide sempre bem, porque é impossível. Bom gestor é aquele que decide sempre, que toma decisões. Os melhores são aqueles que não perdem tempo e, munidos de gente competente e propostas, decidem. Bons gestores são aqueles que não têm medo de ser responsabilizados.

As oportunidades passam e, com elas "voam" as gerações.


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