quinta-feira, janeiro 22, 2015

São Vicente de longe..


Já escrevera o compositor "Quem k oiob, São Vicente de longe..."

Quem me dera acordar às 5 da manhã e ir jogar volei ou futebol no Quintal do Kevin, descer a Lajinha para um banho de mar, passar por Trás de Escola para ver algum jogo das velhas glórias, subir Cruz, passar por Espia e visitar Ribeira Bote, chegar aos Salesianos, dar um abraço no meu amigo e professor padre Bernardo, jogar um pouco no campo inclinado de terra poeirenta, cumprimentar o meu professor padre Cristiano, esticar uma perninha no Basquet, descer para o Lombo e passar horas em amena cavaqueira na carpintaria do meu irmão de peito Jonas, chegar à Fontinha para assistir o treino do meu Mindelense ou do Castilho, onde tinha muitos amigos, ver um pouco de jogo de uril aí na barbearia, com Florêncio Perna-de-Pau e Santana à cabeça, subir a Rua Suburbana e jogar um pouco de bola na calçada com o João Mateus, Abrão e Vavá, comer um arroz de pato na casa da Ticha.

 
Quem me dera, jogar um pouco de matraquilos na Rua da Luz a caminho da Praia de Bote, ouvir histórias de pescadores e "petroleiros" olhar para o prédio da Capitania onde está a rádio e comentar "um dia trabalharei lá", passar pela Fábrica Favorita e fazer de contas que vou cumprimentar o "tio Djô" para ganhar umas bolachas delícias ou um "pão de burro", escanelar por Monte Sossego, passar pelo campo de Bitin, comprar duas "casadas" perto do Liceu Ludgero Lima, regressar pelo meio de Morada e chegar à casa. Antes, uma paragem no Canalin de Mateus d´Txhaina para jogar um pouco de pratinhos com o meu amigo Zezuca. 



Quem me dera, regressar às 5,30 da tarde ao Quintal do Kevin para o sagrado treino dos Nazarenos, tri-campeões de futebol de salão da ilha.

Quem me dera participar, mais tarde, num dos cultos animados da Juventude da Igreja do Nazareno, antes de ir "fazer grogue" na Praça Nova, até cansar, entre discussões sobre o futebol e piropos às "txutxas" que exibem os seus corpos, chegar à Rua de Lisboa para ouvir interessantes conversas de gente grande, Djunga Vasconcelos, Djò Duchic, Txhuna, Tchida, Antonin Carr e muitos outros senhores de então. Depois, o destino seria Ofélia para uma noite cabo-verdiana, com Malaquias, Natal e até, de vez em quando, o "senhor"  Manel de Novas.

Quem me dera antes de dormir passar algumas horas ouvindo as ondas curtas, conhecer o mundo a partir do aconchego da minha família querida.  Quem me dera o fim-de-semana na Baía e um Mindelense-Académica

Hoje, no dia de São Vicente - da ilha e não de santo algum - só agradeço a Deus por ser mindelense!!!

1 comentário:

albertino alceriavezo silva disse...

quem me dera nao sentir o coracao apertado, as saudades que aumentam à cada dia que passa , as emocoes provadas ao ler o quotidiano sanvicentino, aumentadas ainda mais pela distancia que somente ao pensar cria melanconia ,nao conseguindo esconder aqueles olhos humidos , talvez porque entrou a poeira nos olhos ou porque à uma lagrima teimosa que nao consegue parar pelo caminho !!!!