domingo, junho 07, 2015
Quando o pára-quedas não abre
Conta-se que um homem encontrava-se no meio de um rio quando as águas começaram a subir de forma extraordinária. Ao ver a força avassaladora da natureza, clamou a Deus que o salvasse e, acto contínuo, sentiu uma paz que só o Criador pode dar.
O nível do rio não parava de subir e, de repente, um barco carregado de pessoas aproximou-se dele, mas recusou o apelo dos tripulantes para que subisse a bordo. "Não, está muito cheio, Deus vai me salvar", disse quando, do outro lado, agentes da Protecção Civil atiraram-lhe uma bóia. "O que é isso, onde vou parar com esta correnteza? Deus vai me salvar", repetiu, deixando passar a bóia. Um helicóptero aproximou-se e fez descer uma escada com um salva-vidas, mas recusou subir por temer cair da escada. "Obrigado, mas Deus vai me salvar", reiterou o homem, enquanto a chuva caía copiosamente.
As águas o engoliram e ao chegar ao céu, correu e perguntou a Deus: "Mas não disseste que ias salvar-me?!". O Criador calmamente respondeu; "Mandei-te três mensageiros e recusaste a todos!".
Os conceitos de "esperar em Deus" e "seja o que Deus quiser" têm várias conotações, entendimentos e aplicações, mesmo por parte daqueles que conhecem de facto a Bíblia. Entretanto, apesar desse conhecimento teórico e, inclusive, pessoal, não poucas vezes ficamos aquém de apreender o que, verdadeiramente, significa descansar em Deus.
Há duas dimensões que quero analisar neste texto. A primeira é o papel que nós desempenhamos nesse processo. Esperar em Deus não é cultivar o espírito de sentar e esperar. Não tem base bíblica. Se Abraão tivesse ficado na sua terra, jamais seria o pai de uma Nação, numa terra próspera. O apóstolo Paulo disse "quem não trabalha, também não coma" e o próprio Jesus, ao ver que os discípulos não tinham pescado nada durante a noite, não fez o milagre de colocar peixes no barco, mas indicou que lançassem a rede para o outro lado.
Por outras palavras, se confiamos que Deus tem um bom trabalho para nós, temos de nos preparar bem, concorrer e não esperar por uma cunha ou um jeitinho, apresentar um bom desempenho na entrevista e empenhar nessa procura. Se confiamos na cura, temos de fazer a nossa parte: procurar ajuda médica, seguir os tratamentos, cuidar o nosso corpo. Se confiamos em conseguir um bom diploma, temos de estudar muito, trabalhar arduamente, não gastar horas e energia em distracções que nos tiram do foco principal, nem procurar atalhos para chegar ao fim. Se confiamos numa vida financeira estável, temos que saber gerir o dinheiro que ganhámos, definir prioridades, investir no momento certo, poupar e controlar os impulsos de consumo.
A segunda dimensão é a intervenção sobrenatural de Deus, que apenas acontece lá onde nós não podemos, não onde nós não queremos. Esta é a variante mais difícil porque sai do nosso controlo directo e "obriga-nos" a demonstrar a nossa verdadeira - não a dita apenas - e total dependência de Deus. Tal só é possível com fé, não apenas crença.
Esta dimensão ultrapassa a imagem do paraquedista que está confiante à espera que o pára-quedas abra. Ela se realiza, sim, quando o pára-quedas não abre e confiamos que Deus vai intervir antes de chegarmos ao chão.
As muitas experiências que tenho vivenciado, particularmente nos últimos anos, mostram-me que Deus intervém, sim, de diferentes formas sobrenaturais. Depende de nós saber esperar e para tal aprendi três pressupostos básicos: persistência, fé total, mesmo quando tudo aponta em sentido contrário, e coração limpo.
Deus actua para além do pára-quedas! Confie!
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