Cheguei ao Brasil no dia 31 de Julho e na
quarta-feira, 3 de Agosto, deixei, por esquecimento, o microfone no autocarro, no trajecto entre o Centro de Imprensa e a Vila Olímpica. Na correria para
apanhar um atleta antes dele entrar na área proibida aos jornalistas, só me
lembrei do microfone ao passar no posto de controlo de segurança, mas o
autocarro já tinha partido. A simpática voluntária consolou-me ao dizer que o Centro de
Imprensa tinha um departamento para Perdidos e Achados.
Perder o microfone num tipo de cobertura como
esta, com vários equipamentos e muitas coisas a acontecerem ao mesmo tempo, não
é crime, nem dá processo. Já me aconteceu no passado, mas, no caso em apreço,
tendo em conta que faço imagens e entrevistas ao mesmo tempo, além de ser um
bom microfone, tinha um cabo comprido que me permitia realizar o trabalho com
mais facilidade. O microfone que me emprestou o meu colega da VOA, embora bom,
tinha um cabo muito curto, o que complicava as coisas.
Na quinta, na sexta, no sábado e no domingo
seguintes, ao chegar ao Centro de Imprensa pelas 8, 30 da manhã dirigia-me sempre ao
local para saber se o microfone estava lá. Os voluntários já me conheciam e ao
entrar iam directo ao depósito mas ... nada.
Suspendi a busca, mas continuava a enfrentar
dificuldades já que o cabo curto e o uso da lapela nem sempre se adaptavam a
entrevistas feitas a correr ou quando os entrevistados são atletas, que, além do
showzinho da praxe, têm outras solicitações. Decidi, então apelar, ao Criador,
lembrando do que escreveu Tiago no seu livro sagrado: “Pedis e não recebeis
porque pedis mal para gastardes em vossos deleites”.
Deus sabia que o que estava em causa era o meu
trabalho e não um deleite, por isso pedi claramente ao meu Deus por saber que
apenas Ele conhecia o lugar exacto onde estava o microfone. Acreditava que era
a última e a única alterativa.
Sem ir ao tal balcão de Perdidos e Achados por
três dias, na quinta-feira, 10, ao descer as escadas, “ocorreu-me” a ideia de
perguntar aos sempre prestativos voluntários onde podia comprar um cabo para
microfone, logicamente maior do que aquele que tinha. Enquanto uma das moças me
sugeria que falasse com algum colega ligado à área técnica no edifício onde estão
instaladas as empresas de transmissão dos jogos, uma outra, de nome Danielle,
aproximou-se e disse-me: “lá dentro há um microfone com o mesmo logo da sua
camisa!!!”. Acto contínuo, uma outra que já me conhecia das visitas ao local,
aproximou-se e exclamou “finalmente encontrou???!!!!"
Que outra justificação posso encontrar para
este facto? Sorte, alguns podem dizer que sim, e respeito. Mas, para mim, é
resposta a uma oração sincera, não devido aos meus lindos olhos, mas porque
Deus é fiel em relação à Sua Palavra e Ele tem os seus propósitos. O trabalho,
sem dúvida, ficou menos dificultado e senti a protecção do Papá.
Acredita se quiser, se não, continuamos amigos
na mesma!
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